Netflix consegue mais assinantes. Disney manda vir tranquilo

Netflix nunca andou bem das pernas, enquanto torrava dinheiro de investidores. Este ano foi bem atípico, principalmente no terceiro trimestre, quando ela fechou com 2,4 milhões de novos assinantes (tinha perdido 1 milhão no segundo trimestre), com previsão de ganhar mais 4,5 milhões no quarto trimestre. Finalmente ela registrou até mesmo um lucro líquido. Parabéns à Netflix.

Então temos a parte chata: concorrência, e Disney tá na base “O lê lê. O lá lá. Mickey vem aí e o bicho vai pegar”.

Um detalhe que ninguém falou: fechar com novos assinantes não significa que vai continuar com eles, já que a pessoa assina, maratona as séries badaladas e cancela a assinatura. É por causa disso que Netflix está começando um novo sistema de cobrança, em que terá um valor menor, mas exibirá anúncios antes do filme (que você não pode pular) e anúncios no meio do filme. Ah, e nem todo conteúdo estará disponível para quem assinar nesses termos.

Ah, e não esqueçam que não pode compartilhar assinatura! É uma tela só, dane-se.

Agora vem o tsunami.

O Disney+ adicionou ao seu plantel de assinantes mais de 9 milhões de pessoas. Isso SÓ nos EUA nos últimos meses. Em termos mundiais, foram 12,1 milhões de assinantes novos, totalizando 164 milhões, além de 14,6 milhões de assinantes em todos os seus serviços. Em agosto, Mickey já tinha mais assinantes que a Locadora de DVD hiperdesenvolvida, embora tenha perdido cerca de US$ 1,5 bilhão em receita direta ao consumidor, o que pra alguém como Disney é troco de pinga Netflix não pode se dar ao luxo de ter essa perda. Netflix tá sentada na praia enquanto o maremoto sob a forma de um imenso rato está chegando, e não parece saber o que fazer. Disney+ também terá versão de assinatura sustentada por propaganda e, convenhamos, Disney é muito mais sedutora para anunciantes que Netflix, que era extremamente relevante quando sozinha, mas isso vai durar até quando?

O que muitas pessoas nos EUA estão atrás do Mickey é por causa do seu pacote que inclui Disney+, Hulu e ESPN Plus. Netflix também está interessada em investir em esportes, já que prime tem, HBO Max também tem. Netflix está direcionando investimentos em ligas esportivas, focando principalmente em tênis e… surfe. Pode ser que dê um caldo isso, mas competir com Copa da UEFA e Copa do Mundo, talvez não dê bom resultado, mas tem público para todo tipo de esporte.

Claro, não estamos falando do Brasil, que só se interessa por algo diferente de futebol quando Brasil está vencendo, já que brasileiro não gosta de esporte, gosta de vencedor.

Claro, fanboys da Netflix podem estufar o peito e dizerem que Netflix tem um plantel maior de produções próprias.

Não tem. Ela licencia e coloca seu selo. Netflix não tem estúdio. Amazon tem. Não vou nem falar de Disney e HBO Max porque aí é comparar o Tucão com o Galactus. Aquelas séries meia-boca da Netflix não significam nada. Um Witcher é na base do de vez em nunca, sendo que Disney e Warner detém as mais poderosas franquias. Comparar Witcher e Round 6 com toda a Marvel, DC, Star Wars, Matrix, Harry Potter, Pixar etc soa até desconfortável. Sandman é um nome de peso, mas lembremos que pertence à Warner e quando o Zaslav (o “A Presença” da Warner) cansar da brincadeira, vai pegar de volta que nem a Disney fez com a Marvelflix.

As pessoas só assistem Netflix por causa do costume, da mesma maneira que muitos ainda assinam TV a cabo, pagando mais caro sem ter nada pra se ver de novo. Ou Netflix começa a inovar a sério, e não sacanear seus assinantes, ou vai ficar muito feio pro lado dela.

Ou não. Ela ainda pode esperar ser comprada por algum serviço enorme. De repente, é com isso que está contando. Vai saber?